Restolho – uma pequena história feita de muitos sucessos
[ 25-11-2014 ]
O seu produtor cuidou delas como de todas as outras: preparou o terreno onde foram semeadas, adubou-as e regou-as com todo o cuidado, mas estas batatas não ficaram com o calibre que o cliente do produtor exigia.
Mas elas não queriam ficar no campo. Elas tinham a certeza que o seu sabor era tão bom como o das outras batatas e que podiam alimentar muitas famílias. E tinham razão, e provaram-no.
Estas batatas tinham sido produzidas num campo de um produtor que aderiu o Projeto “Restolho” e, com a ajuda de uma equipa de voluntários, chegaram a casa de quem mais precisava de ajuda.
A AGROMAIS, a AGROTEJO, a Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares Contra a Fome (FPBACF) e a ENTRAJUDA juntaram-se no projeto “RESTOLHO, uma Segunda Colheita para que nada se perca”, no sentido de procurar combater, de uma forma simples mas muito diferenciadora, o desperdício alimentar.
O sucesso do projeto assenta na capacidade de juntar vontades e mobilizar parceiros para poderem fazer a recolha da produção que fica nos campos dos produtores da AGROMAIS, retomando uma prática ancestral, conhecida em português como “restolho” ou “rabisco”.
O projeto, que arrancou em 2013, está numa fase de grande consolidação, fruto do aumento do envolvimento de todas as partes e do alargamento das parcerias, o que permitiu minimizar algumas dificuldades e criar novas oportunidades de fazer mais e melhor.
No ano de 2014, foi criado o Banco de Voluntários AGROMAIS, que numa versão local permitiu que a colheita fosse feita por pequenos grupos de entidades associadas, fundamentalmente Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) da região, encaminhando os produtos para essas próprias entidades, e consequentemente para os seus utentes, na maioria idosos e crianças.
Este é efetivamente um projeto com uma forte componente de cidadania, que se quer proactiva, e que é um valor a promover a todas as camadas da sociedade, começando, desde logo, pelos mais novos. Para promover isso mesmo, temos efetuado junto das escolas, jardins-de-infância e colónias de férias da nossa área de influência, ações de divulgação do programa Restolho e o resultado tem sido surpreendente, até porque existem já varias crianças que reconhecem o projeto e a sua forma de operar.
E porque o resultado de todo este esforço são as colheitas, este ano foram colhidas e entregues a instituições cerca de 8 toneladas de produto. Mais uma vez, queremos reforçar o empenho e o envolvimento dos agricultores que têm contribuído (e de muitos outros que querendo contribuir ainda não foi possível estarem integrados), porque sem eles este projeto não seria possível.
Todos os que possam, juntam-se a nós!