Opinião: Os desafios que se nos colocam!
[ 24-03-2016 ]
As baixas cotações dos cereais nos mercados internacionais e a acentuada crise que afeta alguns dos nossos principais clientes, nomeadamente na produção de leite e carne, colocam-nos perante grandes incertezas quanto ao futuro. Relembramos que a maioria dos produtores de cereais e oleaginosas cujos países aderiram à Zona Euro, estão a perder dinheiro e que o sector hortofrutícola também está com sérias dificuldades em escoar os seus produtos.
O problema é europeu e necessita de uma ação concertada dos países-membros da UE. Quem nos governa em Bruxelas deve redefinir prioridades, alinhar-se na defesa dos interesses da Europa e organizar-se a nível económico, social e político para responder aos desafios que a Globalização nos impõe.
A União Europeia precisa de garantir o rendimento dos seus agricultores e da sua agro-indústria, sob pena de agricultores e pecuaristas serem forçados a desistirem desta sua actividade, tornando a UE ainda mais dependente de países terceiros no que se refere à Alimentação. Recorde-se que as últimas estatísticas sobre comércio agroalimentar da UE, relativas a 2015, indicam um aumento das importações comunitárias de 8,7% (9 mil milhões €), face a 2014, atingindo um total de 113 mil milhões de euros. O valor das importações de cereais, incluindo trigo e arroz, totalizou 5119 milhões de euros.
Os acordos de livre comércio, que podem ser positivos por um lado, têm o reverso da medalha para a maioria dos produtos agrícolas europeus. Veja-se o exemplo da Ucrânia, que em 2015 exportou €1359 milhões de euros em cereais para UE (€4000 milhões no total dos produtos agro-alimentares), e que desde 1 de Janeiro deste ano tem o acesso mais facilitado ao mercado europeu, através do Deep and Comprehensive Free Trade Area (DCFTA). A porta da Europa está pois “escancarada” aos seus mais diretos concorrentes. As vítimas são os agricultores!
A nível nacional, o Ministério da Agricultura tem a obrigação de defender os interesses dos nossos agricultores, primeiro garantindo as medidas e a dotação orçamental adequada ao desenvolvimento do sector, e depois, fazendo ouvir-se em Bruxelas.
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Fonte:Vida Rural