A AGROMAIS, com a
introdução da cultura da cebola, pretendeu dar aos produtores mais uma janela
de oportunidade para o desenvolvimento da rentabilidade das suas explorações
e dotar a organização de uma nova cultura por forma a diversificar a sua
sustentabilidade.
Iniciaram-se em 1995 os primeiros ensaios de campo no Ribatejo com o objetivo
de se estudar a possibilidade de produzir a cultura, que não era estranha à
região, mas utilizando um sistema cultural que permitisse a mecanização
total, sementeira direta e colheita. Para tal havia a necessidade de criar
novos itinerários técnicos, tendo sempre em vista o propósito de produzir
mais e ao mais baixo custo.
Dos vários ensaios realizados provou-se a pertinência da cultura e afinou-se
o itinerário técnico. No entanto, só em 2002 é que houve oportunidade para
avançar com o projeto, tendo-se desenvolvido a componente comercial e
realizado a recuperação/construção das estruturas de apoio ao armazenamento,
na HORTEJO, fator essencial para a obtenção de mais-valias na cultura. Em
2012 realizaram-se as primeiras sementeiras no Baixo Alentejo, na zona do
Alqueva, obtendo-se bons resultados tanto em produção como em qualidade.
Apesar de já sermos os maiores produtores nacionais de cebola, temos de
consolidar ainda mais vários aspetos e penetrar em novos mercados.
Não será uma tarefa fácil uma vez que não dispomos das mesmas “armas” que os
nossos concorrentes. Nas infestantes e nas doenças da cultura, por exemplo, o
leque de substâncias ativas homologadas em Portugal é muito reduzido
comparado com os nossos vizinhos espanhóis, que são o nosso principal
concorrente.
Para além desse aspeto, Espanha consegue ter produção e qualidade a preços
muito competitivos, com condições naturais favoráveis a um armazenamento de médio
prazo sem recurso à refrigeração. A diversificação a nível de escoamento
também é um fator preponderante para a sustentabilidade do seu negócio. Todos
estes aspetos obrigam-nos a ser muito mais eficientes aos vários níveis, de
montante a jusante: produção, armazenamento e comercialização. Este é o nosso
desafio. Como todos os desafios também este deverá ser encarado como uma
oportunidade.
Já muito foi feito? Sim…mas ainda há mais a fazer na procura da maior
eficiência. Se o caminho se avizinha fácil? Sabemos que não. Mas como alguém
disse: “nunca desistir pode não ser o caminho mais fácil, mas certamente, é o
mais eficiente”.
A cultura da cebola continuará a ser uma grande aposta da AGROMAIS.
Bruno Moura
Departamento
Técnico da AGROMAIS
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