ESTA A MUDAR TUDO NO ALQUEVA
[ 27-07-2017 ]
O ano de 2002 foi o ponto de viragem para a região Alentejo: o fecho das comportas da Barragem do Alqueva!
As planícies alentejanas outrora conhecidas pelas culturas de cereais de sequeiro, no ano de 2016 tiveram a seguinte percentagem de ocupação de solo: olival (56,27%); milho (7,82%); vinha (6,52%); forrageiras (5,5%); frutos secos (4,94%); oleaginosas (4,92%); hortícolas (4,64%); cereais (3,85%); frutas, aromáticas e medicinais (3,44%); outras (2,1%). (EDIA, 2016)
Porém, esta diversificação de culturas só é possível devido à existência de água do Alqueva, a qual permite regar aproximadamente 110 mil hectares de terra, fazendo emergir culturas que até agora seria impensável ver nestes territórios. São estas culturas que estão a assumir um papel cada vez mais importante na paisagem e economia alentejana.
Os agricultores alentejanos são perspicazes e atentos a estas alterações, o que lhes permite realizar investimentos em novas culturas. Por isso, passámos a ver plantado no Alentejo pomares de fruta, amendoais, olivais e hortícolas, onde existiam cereais, pastagens e forragens.
Nos últimos anos temos assistido a um forte investimento em amendoais, prevendo-se que, num prazo de 3 anos, estejam plantados mais de 7 mil hectares no Baixo Alentejo. Esta cultura só é possível nesta região devido à excelente qualidade dos solos associada à abundância de água. É uma das culturas mais promissoras e rentáveis nesta região, com excelente valorização – a amêndoa tem sido valorizada acima dos 6 euros por kg -, e que beneficia de uma conjuntura interessante (num passado recente, a maior região produtora no mundo – Califórnia - foi “atingido” por um período de seca grave e prolongado).
O olival continua a ser a cultura com uma maior expressão, devido também à excelente cotação do azeite. Tem contribuído para o aumento do investimento em novos lagares, que beneficiam quer os agricultores quer a economia local.
Além do olival e dos frutos secos, as frutas são também uma cultura de destaque, sendo possível neste momento observar grandes extensões de pomares de árvores de fruto. Mais uma vez, só é possível produzir frutas no Alentejo devido à água do Alqueva assim como, o excelente clima aqui existente que permite produzir com “sabor” e “cheiro”, características distintivas na valorização do produto final.
Outras culturas com um enorme potencial, devido à existência de água, são os produtos hortícolas, nomeadamente a cebola, brócolos, abobora, pimentos, melão entre outras. Nestes casos, há o condicionalismo da proximidade à agro-indústria, que encarece a sua produção e que dificulta o alargamento das áreas de produção. O surgimento destas unidades industriais iria aumentar a aposta nestas novas culturas e ao mesmo tempo potenciar a economia local, apesar de existirem organização, como a AGROMAIS, que procuram apoiar estes produtores e dar-lhes todas as condições de produção. Por exemplo, o aumento das áreas de produção de cebola tem sido um excelente exemplo.
Mas mesmo com alguns constrangimentos, a barragem do Alqueva, e o perímetro de rega a partir daí estabelecido, tem sido o elemento impulsionador para a mudança da região do Alentejo a todos os níveis. Veio mostrar o potencial existente numa região que, para muitos, estava quase destinada ao isolamento e esquecimento. Agora é vista como uma região com um enorme futuro ligado ao setor agrícola.
Departamento Técnico e Comercial da PLUS ALQUEVA